25 novembro 2011

Rei Reles

Vestes roupas rotas
Que arrebatam ventos
Aerodinamicamente
Guardados
Nas entranhas que desafiam a Física
E não trocam temperatura exterior.

És fina a camada de vida que te habita.
És podre boa parte de seus órgãos.
És descolorida sua cútis.
És parte de um nada grandioso.

Mas escreves a cada passo andarilho errante
Teorias que nem a mais densa Filosofa decifra.

Mas dita a maior regra e a mais poderosa lição,
Como imperador da elementar cadeia alimentar:

- Comes tudo, comes todos.

És temido pela face, és temido pelo cheiro,
És desvio certo do caminho social
Dos pés calçados.

Por que não te contam sua força?
Por que não te dá contas?

- Porque nem conta. Nem número faz.

Teu reinado diante de súditos fiéis,
Quadrúpedes caninos e felinos
Que te seguem incansáveis
Como única função de ser.

Não falas, não sabes ser rei.
Não sabes ser, nem que o és.

Contudo, reverenciarte-ei
A cada esquina,
Diante da tua capacidade infinita
De multiplicar-se em clones perfeitos
E ao mesmo tempo um só ser.

- Onipresente.

Paulo Renato,
25/11/2011.