Da exposição "Imagens Faladas - Em Falta", incluída na Virada Cultural de 2005 (SESC Interlagos), com poesias de Paulo Renato César em diálogo com fotografias de Rodrigo Brambilla.
"Imagens Faladas" surgiu de um projeto cujo objetivo é a finalização de um livro com poemas baseados em fotografias e vice-versa. Dividido em temas, esse primeiro capítulo chamado "Em Falta" despertou o interesse do SESC para a Virada Cultural de 2005.
"Imagens Faladas" surgiu de um projeto cujo objetivo é a finalização de um livro com poemas baseados em fotografias e vice-versa. Dividido em temas, esse primeiro capítulo chamado "Em Falta" despertou o interesse do SESC para a Virada Cultural de 2005.
Fotografia: Rodrigo Brambilla

Pelo Cano
Entrou pelo cano
Buscando proteção
Contra o céu revolto,
Do qual nunca entendeu
A tal história de que lá
Mora Deus.
Entrou pelo cano
Pra descansar
E esquecer que
Cá fora,
Nada tem e nada espera
Pra esperar.
Entrou pelo cano
Num conforto de útero,
Na posição de feto,
Lá, o último afeto.
Em gestação eterna,
Em infusão materna,
– Surdo para o mundo.
Entrou pelo cano
Que o sorveu como líquido
E que o cuspiu embriagado,
Cheio de falsas esperanças
Da luz no fim de um túnel
Curto como cano,
E de onde nem que o queira,
Pode mais sair.
Entrou pelo cano
Buscando proteção
Contra o céu revolto,
Do qual nunca entendeu
A tal história de que lá
Mora Deus.
Entrou pelo cano
Pra descansar
E esquecer que
Cá fora,
Nada tem e nada espera
Pra esperar.
Entrou pelo cano
Num conforto de útero,
Na posição de feto,
Lá, o último afeto.
Em gestação eterna,
Em infusão materna,
– Surdo para o mundo.
Entrou pelo cano
Que o sorveu como líquido
E que o cuspiu embriagado,
Cheio de falsas esperanças
Da luz no fim de um túnel
Curto como cano,
E de onde nem que o queira,
Pode mais sair.
Paulo Renato,
12/08/05
12/08/05
2 comentários:
são lindos poemas... a linguagem, o jogo com as palavras... é muito bom!
Bjs, Janaína
Adorei. Nada como pode corujar o sobrinho querido.
Lucia
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