16 agosto 2006

Tua Força, Meu Peso

A Física, exata ciência,
A mítica pseudo-inocência,
A mesma sagrada crença,
Só uma cabeça que pensa
Enquanto a outra é tensa,
Tempo pequeno,
Saudade imensa,
Um cura, segundo doença,
Complexa, densa, intensa,
Intensa,
Intensa,
Intensa.

Tua força, meu peso,
Dez equilíbrio,
Zero gravitacional,
Corpos flutuam
Entre os edifícios,

- É de fácil resolver.

Tua força, meu peso,
Equivalentes numerais,
Algaritmos romanos,
Algo ritmos humanos.

Tua força, meu peso,
Tua roça, meu Tejo,
Tua coça, meu medo,
Tua moça, meu cedo,
Tua poça, meu seco,
Tua conta, segredo,

- Tu afronta o meu reino.

Tua força,
Meu peso.
Paulo Renato,
15/08/2006.

14 agosto 2006

Lacrimal

As lágrimas
São palavras dissolvidas
Pra serem digeridas
Com a facilidade de um sorriso.

Hidratam o argumento,
E lubrificam a máquina de sentir
De onde fomos feitos
- Você e eu.

Amenizam a temperatura
Exorbitante das estranhas
Entranhas,

E dão o curso exato
Do caminho percorrido
Entre seu coração e o meu.
Paulo Renato,
14/08/2006.

10 agosto 2006

Movimento

Preenche as lacunas
Que as angústias me imprimiram,

Absorve o encharcado coração,
E deposita a flor
No lugar exato,
Reservado a você.

- Mulher da minha vida inteira.
Paulo Renato,
09/08/2006.

09 agosto 2006

Rolimã

A Renata,
De nada
Obrigada,
Desacata
A pacata,
Panaca,
Sensata e
Chata ata

- Que diz que devemos
Ter freios para os limites.

Ladeira a dois,
Cabelos ao vento,

E o sorriso indisfarçável
Da felicidade verdadeira
Paulo Renato,
09/08/2006.

07 agosto 2006

Comciúmes

Consumo e sumo
Que bebo é sempre o teu.

Se “sumo”,
Se somos,
Se Português clássico
Ou regionalismo puro,

- Sumo tudo uma coisa só.

Se sumo,
É porque morto
Não te mereço.

Mas não sumo mais,
E, conciúmes,
Isso não interessa a mais
Ninguém.

De agora em diante,
Sumo eu mais você.
Paulo Renato,
07/08/2006.

Harmônicos

No nosso afinar e desafinar,
O que menos importa é se as notas serão consonantes
- Ou dissonantes.

Mas que haja sempre
A ativação rítmica
Da melodia de nossas palavras.

- Essas sim fundamentais.

Paulo Renato,
07/08/2006.

04 agosto 2006

Do elo

O mais forte sentimento,
Inédito,
Por você,
Pra você,

Não permite contra-argumentação
Nem me dá chance
De tomar
- Ar.

Nesses dias frios,
Eu só faço sentir
Saudades.

O exercício da paciência
Não combina mesmo comigo.

- Eu desafio.
Paulo Renato,
04/08/2006.

03 agosto 2006

Espero

Espero que nem todas as canções sejam tristes,
Que nem todas as expiações sejam tão doídas,

- Espero não te perder da próxima vez.

Espero que não tenha tido de mim
A última impressão.
Espero que a penúltima
Seja mais parecida com a próxima,

-E que esta seja ainda melhor.

Espero que ainda haja entre mim e o tempo
Uma chance de reconciliação
Depois da nossa última briga.
Pensei que poderia ser mais que ele,
E pouco humilde como de costume,
Mal atentava para seus caprichos.

Espero demonstrar o valor que você tem,
Apesar de nunca ter esquecido.
Espero não estar nunca mais adormecido
Enquanto movimento.

Sei que as coisas se resolvem,
Sei que não sei sobre o amanhã,
Que sempre traz uma nova notícia.

Mas tempo presente,
Todo meu sentimento quer dizer

- Que eu te espero.
Paulo Renato,
02/08/2006.

Entre(vero)

Daquele vazio,
Dos olhares impenetráveis,
Daquela calmaria,

Só restou essa tempestade
E essa ânsia tardia
De querer executar a música
Depois que a platéia partiu.

Ninguém pra me desculpar
A não ser a mim mesmo e,
Nos bolsos,
Uma “moeda-status-alto”
Que a inflação há muito já depôs.

A tempestade, meu amor,
Chega sem avisar,
Demonstrando o poder inexorável
Que a natureza tem,
Ainda que as previsões evoluam.

- Quero me convencer
De que vou ver o Sol em breve.
Paulo Renato,
03/08/2006.