29 setembro 2009



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Sob o Sol, Sem Sombra

 De quantas vidas vai cuidar?
Quer um gato?
O seu ar também respiro nesse ato.
Dos seus passos já tirei o retrato.
Contraí e me curei num sopapo.

Nunca precisei de você pra nada e,
Agora, na estrada,
Eu não tenho medo de me atropelar.

Várias invasões perdoei de graça,
Cedi bem mais do que levei pra casa,
E não me vejo atrás da sua frente popular.

Foram ilusões,
Cores desbotadas,
Lento movimento,
Preso no momento quando,
Sobretudo,
Era preciso voar.

- Há dias que caminho melhor
Sob o Sol, sem sombra.

- Há dias que sozinho melhor,
Sob o céu, sem sombra.

Paulo Renato,
2005.



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26 setembro 2009

Dominante

São palavras
Que correm pelo mundo.

São desenhos
Daquele amor profundo.

Amo a noite
Como quem ama alguém,

Fácil açoite,
Seqüestro sem refém.

Entre os dedos
O peso e o violão.

Os desejos
De um nobre cidadão.

Na berlinda,
A falta de alguém.

É bem-vinda,
- Mas hoje já não vem.

Paulo Renato,
01/01/99.



22 setembro 2009

Heroínas

As cores que eu vejo são as mesmas que formam
Deformações entre os sonhos.

O momento do beijo em um segundo se torna
Razão dos olhos tristonhos.

Meus dias se passam,
Não coincidem com nenhum calendário.

Os homens se caçam,
Estão em fila a esperar o calvário.

Meu sangue é uma mistura,
Homogênea tortura,

- Droga impura.

Navegam por minhas veias
As mais lindas sereias.

Figuras felinas,
Ainda meninas, rapinas,
Mãos assassinas,
Heroínas.

Dirijo minha atenção até a segunda intenção.
O que os meus olhos não vêem
É o que meu bolso não tem.

A coca e a cola deixam o mundo distante.
E o frio na minha alma
É mais que refrigerante.

A ponta da agulha
Injeta dor em troca de adrenalina.

Noturna patrulha,
Persegue o perfume
Das heroínas.

Paulo Renato,
1992.

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21 setembro 2009

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20 setembro 2009

Inércia

Até eu faria,
Sempre que fosse impreciso,
Ainda que tardia,
Quase que perdido.

Fosse relevante,
Movimentaria,
Basculante,
Terra despejando,
Preenchendo o espaço

- Em branco.

Paulo Renato,
20/09/09.




19 setembro 2009

Ponto Final

Qual remédio,
De que planta,
Aonde encontro
Tal esperança
Que acabe
No final.

Qual final,
Que seja ponto,
Conclusivo,
Terminal,
Definido
E conduzido
Sem a casa
Decimal.

Tem coragem
De sair,
Sem aviso,
Sem preciso,
Mas apenas
Ir embora
Como não
Tivesse vindo?

Assim fosse,
Outra hora
Saberia
Que, se acaso
Não viria,
Outro alguém
Ocuparia
O teu ponto
Em meu final.

Paulo Renato,
22/05/04.






Luzes Sem Mercúrio

É possível andar sem artifícios,
Ficar sóbrio já é tão difícil.
Vejo as pernas sem pretensão,
Vejo a morte sem dimensão.

Fico pasmo com as crianças,
Sobrevivo só com as lembranças
De um tempo mais que passado.

- Hoje amores desfigurados.

Um dia foi só fantasia,
Um dia já fiz melodia
Das vozes que ardiam,
Retrucando a poesia.

Eu desejo sua cabeça
Pra fazer uma canção,
Que não entre nas orelhas,

- Interprete via coração.

Mas percebo que não vejo
Mais gaivotas entre as nuvens,
Não consigo nem notar
As vitórias nas derrotas.

E ouvindo velhos mitos,
Conversando com as pessoas,
Eu sinto falta dos meus riscos,
De uma gente mais à toa,

Pra que eu possa injetar
Nessa sua alma pura,
Uma dose de palavras,
Com ternura,

- E loucura.

Paulo Renato,
1988.
(Fiz essa letra e a melodia para a música de meu amigo Daniel Sandoval, quando tínhamos 15 anos, muitos sonhos, e a Banda Pólis, dos festivais no colégio).