26 maio 2008

Das Razões Pelas Quais eu Vim

Nessa levada,
Vim a passeio...

Vim com a sorte
Acompanhando cada piscar
Dos meus olhos
Que enxergam bem.

Vim com o poder da síntese,
E adquiri com o tempo
O grande exercício de ser prolixo,
Com um fio multicolorido
De meada.

Vim sem rima, mesmo,
Que gosto mais do disforme,
Já que definitivamente
Somos todos assimétricos.

Vim com pai e mãe
Vigiando os meus tombos
Mas permitindo-me cair,
Até que se tornasse divertida
A iminência da queda.

- E quedas são presentes.

Vim para escrever,
Vim para cantar,
Vim para ensinar
A aprender,
E aprender com tudo isso.

Vim sem um puto e sem bolso,
E não desejo muito mais
Do que sorrir todos os dias
E ser capaz de sustentar
As idéias que tenho

- Todos os dias.

Vim para amar de uma forma esquisita,
Incorrigível.

Vim para ser bom e ser mau,
Vim para a vigília da noite
E dormir só um pouco,
Apesar de tanto sonho.

Vim para te fazer companhia,
E aceitar os seus convites.

Vim para cuidar de alguém,
Alimentar,
Fazer dormir,
- Proteger.

Vim para competir e,
Antes de ir,
Quero mesmo minha medalha.

Paulo Renato,
26/05/2008.





3 comentários:

Janaína disse...

Veio para ser amado!
Não dá para conhecer o limite entre o eu-lírico e o poeta...
Mário Quintana disse “Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!”.
... e quando a gente lê o poeta?
Aí somos obrigados a concordar com Fernando Pessoa: O poeta é um fingidor...

Adoro suas poesias e músicas... Sou sua fã.
Beijos, Janaína.

Anônimo disse...

Um dia vamos ter de programar o Paulo Renato para um dos saraus.

Paulo Renato César disse...

Quando a gente lê o poeta, Janaína, adquiriu a capacidade de sê-lo! Um beijo e obrigado.